No dia 02 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e é comemorada no mundo todo desde 2008.

O objetivo dessa data é conscientizar e chamar a atenção da sociedade para a questão do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que se caracteriza, entre outras manifestações, por dificuldade de interação social e presença de comportamentos repetitivos. Além disso, ela se apresenta em diferentes graus, classificados de leve à grave.

Indivíduos com TEA podem e devem conquistar seu lugar na sociedade porque eles também têm aptidões e talentos específicos em determinadas áreas do conhecimento. Muitos podem, por exemplo, concentrar-se fortemente em apenas uma coisa, por isso, alguns tornam-se pianistas ou escritores incríveis.

A busca por representar tamanha diversidade presente no TEA, bem como por gerar inclusão, identificação e findar o preconceito culminou com a criação de símbolos para o autismo. Vamos te mostrar alguns nesse texto, acompanhe conosco:

A peça do quebra-cabeça

Esse símbolo foi produzido em 1963 por Gerald Gasson, membro do National Autistic Society em Londres, que o criou para simbolizar as dificuldades de compreensão enfrentadas pelas pessoas com o TEA. As cores vivas e brilhosas representam a esperança em relação às intervenções e à conscientização da sociedade como um todo. 

Normalmente é usado em fitas de conscientização que demonstra apoio a causa e educa o público sobre os direitos das pessoas afetadas. É muito encontrada em placas de filas prioritárias e locais onde pessoas com este espectro são acolhidas, como transporte público e filas preferenciais.

Girassóis

Assim como a flor de girassol se destaca por sua cor vibrante e se movimenta na direção do sol, o mesmo acontece com essa iniciativa de conscientização. O cordão com a fita de girassóis é uma forma de iluminar, clarear, refletir a luz da pessoa com autismo e levar inclusão para a sociedade.

O cordão é um importante aliado para a acessibilidade das famílias e da pessoa com TEA. Ambientes com muitos estímulos sonoros, visuais, olfativos e com muitas pessoas ao mesmo tempo são, naturalmente, desafiadores para o autista. Do mesmo modo, em determinados lugares públicos, o cordão de girassóis garante a prioridade estabelecida por lei. A pessoa deve receber um atendimento individualizado e respeitoso, como todos com deficiência devem recebem.

Agora que você conheceu, algum dos principais símbolos do autismo e entendeu a missão deles, o que acha de disseminar essas informações com outras pessoas e colaborar na luta pela conscientização?

Aqui no Instituto Olga Kos de Inclusão, trabalhamos em projetos sem fins lucrativos, que operam em projetos artísticos e esportivos aprovados em leis de incentivo fiscal, para atender, prioritariamente, crianças, jovens e adultos com deficiência e pessoas sem deficiência, que se encontram em situação de vulnerabilidade social. 

Uma reflexão sobre a inclusão laboral das pessoas autistas
Por Natália Mônaco*

A ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu em 2007 o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado anualmente no dia 02 de abril. O autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), como é tecnicamente chamado, é uma condição de saúde caracterizada por prejuízos em três importantes áreas do desenvolvimento humano: habilidades socioemocionais, atenção compartilhada e linguagem. 

Atualmente a ciência (Tismoo, 2020) argumenta que existem vários tipos diferentes de autismo e estes se manifestam de maneira única em cada pessoa.

No Brasil, estima-se que existam, segundo o Conselho Nacional de Saúde, cerca de dois milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista.

Por outro lado, dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, afirmam que, atualmente, há um caso de autismo a cada 110 pessoas. Este dado nos leva a estimar que existam hoje no Brasil _ país que possui, aproximadamente, 214, 3 milhões de habitantes (IBGE - 2021) _ cerca de dois milhões de autistas. 

Somente no estado de São Paulo, por exemplo, temos mais de 300 mil ocorrências. Contudo, apesar de numerosos, os milhões de brasileiros que possuem autismo ainda sofrem para encontrar tratamento adequado.

E, apesar de uma previsão otimista para os próximos anos, dados também do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que 85% dos autistas brasileiros estão fora do mercado de trabalho. Neste contexto, vários fatores contribuem para a exclusão laboral destas pessoas, entre os quais, a própria família, o mercado de trabalho como um todo, a sociedade em geral e, por fim, a falta de conhecimento sobre o espectro que envolve todos estes fatores. Outro ponto que precisa ser destacado é que, como existe uma série de graus de autismo e a intensidade dos sintomas pode variar, este é um dos motivos que tem levado muitas empresas a restringirem contratações de pessoas com TEA. A dificuldade de entendimento e a possível imprevisibilidade no comportamento dessas pessoas (visto que Espectro Autista é um dos Transtornos do Neurodesenvolvimento que se caracteriza pelas dificuldades de comunicação, interação social e por comportamentos restritos e repetitivos) também influencia este cenário.

No entanto, apesar dos problemas, ressalto que a Lei de 12.764/2012, conhecida também como Lei Berenice Piana, determina a participação mínima de pessoas com qualquer deficiência no mercado de trabalho e isto precisa ser aplicado também no caso das pessoas autistas. Porém, não basta ter legislação sem que haja fiscalização, como também não basta ter fiscalização sem que haja ação.

Por fim, é preciso pensar de forma mais ampla e aprofundada tanto nos próprios autistas, é claro, quanto nas dificuldades que suas famílias enfrentam na sociedade como um todo, contexto no qual se insere a necessidade de inclusão laboral destas pessoas. 

Juntos todos nós precisamos construir caminhos para que as pessoas com TEA possam trabalhar, mas isto só se dará através da capacitação de todos os profissionais que atuam nas empresas, não importando suas funções na hierarquia organizacional.