Os cinco escolhidos são peças fundamentais de um encontro que vai reunir 300 jovens, este mês, numa escola da periferia.

O projeto é ambicioso: juntar estudantes de escolas públicas, privadas e religiosas durante uma semana num mesmo lugar para que eles possam discutir problemas e propor soluções para melhorar a vida da região onde vivem.

O CEU da Cidade Dutra, na zona sul de São Paulo, foi o lugar escolhido para esse encontro que vai reunir 300 jovens e está sendo organizado pelo Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK), uma das 12 entidades indicadas pelo Vaticano para participar da criação de um novo modelo de educação para o mundo.

O encontro no CEU Cidade Dutra será realizado na semana de 24 a 28 de outubro. Na semana passada, cinco jovens brasileiros indicados pelo IOK e pelo Projeto Jovem Monitor Cultural, da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo, por seus perfis de liderança junto à comunidade, estiveram na Argentina participando de uma capacitação para se tornarem agentes multiplicadores do projeto. A ideia é que eles transmitam o conhecimento adquirido lá a cerca de 20 jovens brasileiros.img_2197

O Scholas Occurrentes é um projeto que começou em 2006, em Buenos Aires, quando o Papa Francisco, ainda era o arcebispo Jorge Mario Bergoglio. Naquela época, ele foi convidado por José María del Corral, então presidente do Conselho Geral de Educação na Argentina, a participar do “Escola de Vizinhos”, que une crianças de escolas públicas e particulares de todas as religiões com a finalidade de formar cidadãos comprometidos com o bem comum. O Vaticano abraçou a ideia e agora pretende espalhar esse conceito por todos os continentes.

A atuação do IOK no projeto

O Instituto Olga Kos foi escolhido para participar do projeto pela excelência do trabalho que realiza no atendimento a mais de 3.500 pessoas com deficiência intelectual, especialmente a Síndrome de Down, por meio da arte e do esporte na cidade de São Paulo.

“Estamos muito felizes em termos sido escolhidos para integrar esse projeto grandioso da Igreja Católica que pretende apoiar pelo menos 200 mil projetos de inclusão ao redor do mundo”, afirma  Wolf Kos, presidente do IOK.

Ele e a vice-presidente do Instituto, Olga Kos, foram recebidos pelo Papa Francisco em fevereiro deste ano numa solenidade para oficializar a participação do Instituto no projeto. Em junho, uma comitiva do Vaticano veio a São Paulo e viu de perto o trabalho do IOK o que solidificou a participação do Instituto no projeto e na organização dessa importante etapa que demonstra na prática o que o projeto se propõe.

Problemas e soluções

Os 300 jovens que irão participar do encontro representam diferentes camadas da sociedade e diferentes religiões. Até uma instituição de ensino voltada a jovens refugiados foi convidada. Os jovens vão eleger os problemas enfrentados pela comunidade e, ao longo da semana de imersão, esses problemas serão investigados a fundo por meio de pesquisas e trabalhos de campo. Ao final da jornada, o Scholas Occurrentes convocará autoridades para discutir as propostas e soluções formuladas pelos jovens.

O Brasil será o 16º país a receber o programa, que já passou por Argentina, Haiti, Paraguai, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Itália, Estados Unidos, Cuba, Índia, Filipinas, França, Egito, Austrália, Moçambique e Nigéria. De acordo com Maria Chediek, relações internacionais do Scholas, deficiências no sistema educacional e de saúde, insegurança, gravidez precoce, bullying, discriminação, suicídio entre jovens, vício em drogas, homofobia e corrupção foram alguns dos problemas levantados por jovens desses países.

Em San Martín de los Andes, na Argentina, por exemplo, foi identificado que um dos hospitais não tinha insumos. Os jovens organizaram, então, uma maratona para arrecadar fundos e comprar materiais. Já em Dubai, os estudantes resolveram montar grupos para patrulhar e reportar casos de bullying. A atitude diminuiu o número de casos desse tipo de agressão no país.

Sobre o Scholas Occurrentes

www.scholasoccurrentes.org

O Scholas é uma organização internacional aprovada e idealizada pelo Papa Francisco em agosto de 2013. Ela promove a integração social e a cultura por meio da tecnologia, da arte e do esporte. A organização está presente em mais de 190 países por meio de mais de 430 mil escolas e redes de ensino públicas e privadas participantes em cinco continentes. Tem sedes na Cidade do Vaticano, na Argentina, na Espanha, no Paraguai e em Moçambique. Sua missão é promover o encontro da cultura pela interação da arte, do esporte e da tecnologia. Importantes personalidades e organizações em todo o mundo já responderam ao chamado do Papa por meio do Scholas para contribuir com um mundo mais integrado e pacífico.

Sobre o Instituto Olga Kos 

www.institutoolgakos.org.br

Fundado em 2007, o Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK) é uma associação sem fins econômicos, com qualificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), que desenvolve projetos artísticos e esportivos, aprovados em leis de incentivo fiscal, para atender, prioritariamente, crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual. Além disso, parte das vagas dos projetos é destinada a pessoas sem deficiência, que se encontram em situação de vulnerabilidade social e residem em regiões próximas aos locais onde as oficinas são realizadas. O Instituto Olga Kos conta com uma equipe multidisciplinar formada por artistas plásticos, arte-educadores, psicólogos, educadores físicos, fisioterapeutas, mestres em Karate-Do e Taekwondo, profissionais multimídia e pedagogos. As oficinas de esportes buscam incentivar a prática esportiva (Karate-Do e Taekwondo), estimular o desenvolvimento mo­tor e melhorar a qualidade de vida dos participantes. Já as oficinas de artes buscam divulgar a diversidade cultural e artística de nosso país, expandir o acesso à cultura, incentivar o exercício da arte e desenvolver os canais de comunicação e expressão dos participantes, por meio dos programas: “Pintou a Síndrome do Respeito” e “Resgatando Cultura”. Todas estas atividades procuram garantir que a pessoa com deficiência intelectual reúna condições de participar de forma mais efetiva da sociedade da qual ela faz parte. Além disso, o  IOK desenvolve a articulação de redes de apoio para geração de renda e inclusão no mercado de trabalho, por meio de parcerias com instituições que promovem o aprendizado de habilidades profissionais.