Uma exposição artística resultante de um projeto mais amplo que envolve inclusão social, mobilidade, autonomia e pertencimento: assim pode ser definida a mostra “Próxima Estação: Cidade Inclusiva” que ocorreu em São Paulo no Museu de Arte Brasileira (MAB) da FAAP e que resulta do projeto “Cidade Inclusiva – Mobilidade e Autonomia”.  

Desenvolvido pelo Olga Kos ao longo de dois anos, o projeto contemplou mais de 300 pessoas de 13 instituições situadas em todas as regiões da capital. Trata-se de beneficiários do Olga Kos que possuem deficiências intelectuais e que, através do projeto, puderam participar de atividades que envolveram passeios por bibliotecas, museus e outros espaços culturais, além do aprendizado sobre artes visuais e sobre recursos urbanos relacionados ao trânsito e à mobilidade social como um todo.  Segundo Francine Fernandes, coordenadora do projeto, o objetivo de todo trabalho foi estimular a autonomia e mobilidade destas pessoas através de oficinas de artes visuais e saídas pela cidade. Dessa forma, ao conhecerem locais públicos ou privados como o MASP (Museu de Arte de São Paulo), o IMS (Instituto Moreira Salles) ou a Casa das Rosas, situados na Avenida Paulista, os beneficiários puderam conhecer espaços culturais distantes de seus bairros. 

Para Silvia Liz, responsável do departamento de artes do Olga Kos, o conhecimento destes lugares e dos aparatos urbanos disponíveis para pessoas com deficiência, contribuiu para incutir nestas pessoas noções de cidadania e de pertencimento. “Primeiro, visitamos locais próximos às instituições, depois, fomos para lugares mais distantes como a Avenida Paulista que muitos não conheciam”, revela Liz que também observa que o projeto, que começou durante a pandemia, propiciou que os beneficiários adquirissem conhecimento digital. “No início, os participantes tiveram que aprender sobre aplicativos digitais para participar do projeto que começou no formato on-line, e este conhecimento também fez com que adquirissem autonomia em relação ao uso da internet. A interação entre eles, através de grupos do WhatsApp, também foi um ganho que enriqueceu todo o trabalho”, observa.



Sobre a exposição que trouxe o resultado de todo este trabalho, Francine Fernandes, também da equipe do departamento de artes do Olga Kos, destaca que as obras produzidas refletem todo o aprendizado adquirido durante as oficinas de artes visuais que foram realizadas durante o projeto. Estas, por sua vez, contemplaram diversas linguagens artísticas e foram influenciadas pelos passeios realizados. “É nesse sentido que os participantes obtiveram não só conhecimento dos locais e dos recursos urbanos de inclusão disponíveis, como também a capacidade de refletir sobre suas próprias vivências nesta grande cidade que é São Paulo. E foi assim, por meio de todas estas atividades, que adquiriram protagonismo enquanto moradores e cidadãos”, conclui Francine.