A história de pais que dedicam a vida para cuidar dos filhos com deficiência intelectual

Oscar é pai de Isabel. A jovem de 21 anos tem síndrome de Glut que afeta a capacidade motora e é caracterizada por convulsões, desaceleração do crescimento da cabeça e retardos no desenvolvimento mental. É uma adolescente que exige cuidado redobrado e atenção em tempo integral. A mãe de Isabel é funcionária pública concursada e a família decidiu que seria o pai que ficaria em casa para cuidar da filha. É Oscar quem auxilia a menina em todas as tarefas, das mais simples às mais complexas. É um pai em tempo integral e é ele o responsável por levar a filha ao lugar que tem dado um novo sentido à vida dela.

 

Isabel frequenta as oficinas de arte e dança do Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK). A entidade é uma das mais respeitadas do Brasil no atendimento à crianças e jovens com deficiência intelectual. Oscar diz que o Instituto foi uma luz na vida deles, pois as oficinas ajudaram no desenvolvimento do equilíbrio de Isabel. Hoje a menina já consegue tirar suas próteses e ficar de pé. A comunicação também está mais fácil, as oficinas fizeram Isabel se tornar mais comunicativa e já conversa com todo mundo, sempre com um sorriso no rosto.

Ter um filho com deficiência é uma transformação interna muito profunda. As pessoas com deficiência ensinam a outras ao redor, serem mais pacientes, simples e humilde. Se entregam ao próximo de corpo e alma sem nenhuma restrição e a transformação interna de quem está por perto é muito profunda”, afirma.

As oficinas de artes e esportes do IOK são desenvolvidas em mais de 40 locais espalhados por São Paulo. É lá que Oscar se encontra com outros pais que vivem uma vida parecida com a dele. É o caso de Amâncio, pai de Kelvin. O garoto tinha cinco anos quando foi adotado. Na época, não sabia se comportar, não falava e nem comia direito. No autismo, quanto maior o isolamento mais o quadro se agrava, por isso é tão importante e necessário o convívio social. No Instituto Olga Kos, a família viu essa possibilidade se tornar real. Desde que o garoto passou a frequentar as oficinas de karatê a evolução é visível. Kelvin participa das aulas em grupo e já interage, normalmente, com as outras crianças.

Foi impressionante a diferença que todo esse aprendizado (nas oficinas do IOK) fez na vida do meu filho. Hoje (Kelvin) sabe ler e escrever, além de ter disciplina, organização e até interesse em outros idiomas“, afirma Amâncio, feliz com a oportunidade que teve de promover a inclusão do filho na sociedade.

O IOK está completando 10 anos de atividades e atende 3,5 mil pessoas com deficiência intelectual ou em situação de vulnerabilidade social só na cidade de São Paulo. O Instituto desenvolve projetos de inclusão por meio das práticas esportivas e culturais. Nas oficinas de arte, são realizadas atividades de pintura e dança, enquanto os projetos de esporte incluem oficinas adaptadas de Karatê e Taekwondo.

Os nossos projetos visam trabalhar os aspectos físicos, motores e cognitivos dos indivíduos com deficiência intelectual, aumentando sua consciência corporal, estimulando a autonomia e a interação social e promovendo a participação da família neste processo”, explica Wolf Kos, presidente do Instituto Olga Kos.