A frente do Instituto Olga Kos de Inclusão há 16 anos, sei o quanto este perfil pode contribuir, sendo fundamental para uma sociedade mais igualitária e sustentável. Este grupo tem pouco ou quase nenhum lugar de fala e luta contra o infantilismo, o capacitismo. A ausência nos espaços de decisão, na gestão municipal, estadual, federal, nas instituições privadas, testifica o quanto a nossa sociedade resiste, reduz, exclui a pessoa com deficiência do debate. 


Foto: Ricardo Stuckert/PR

Tendo em vista que são em espaços como a câmara, o senado, o congresso, o planalto, que estas questões e tantas outras que permeiam a vida cotidiana são decididas iniciativas como a recriação do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável despertam a nossa esperança, a esperança do diálogo. Me parece que o principal objetivo deste instrumento é promover o desenvolvimento econômico e social do país, com foco na sustentabilidade e na inclusão de todos os cidadãos, construir um país justo, onde cada indivíduo, independentemente de suas características ou condições, tenham igualdade de oportunidades e acesso aos benefícios do progresso, atuar como um órgão consultivo, propondo e discutindo políticas públicas, diretrizes e ações que promovam a inclusão social, a geração de emprego e renda, a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Para mim é simbólico, porém não decorativo o Conselhão.

Usando uma expressão do mercado de trabalho, acredito que seja up down. Se o governo federal demonstra sensibilidade, disponibilidade e receptividade, irá provocar o comprometimento nos demais líderes que ocupam as variadas camadas da sociedade. Dará o tom ao ponto de alcançar pessoas jurídicas, físicas, instituições, desde empresas, até as famílias.

O critério poderia ser os líderes mais influentes, as empresas com maior faturamento e, portanto, com potencial para financiar campanhas ou outros eventuais conflitos de interesse, mas ao estabelecer a aproximação com personalidades que lidam com causas sociais, que protagonizam embates pró-diversidade, deixa uma mensagem para os milhões de brasileiros.

Nesta direção, estas são algumas das propostas que já defendo ao longo destes anos de Olga, e que vou intensificar a minha luta por meio do Conselhão: a elaboração de uma política de estado e não de gestão; a implantação de concursos públicos para pessoas com deficiência, considerando que só existiu até hoje no Brasil um único concurso público voltado para pessoas com deficiência intelectual, realizado em 2009 junto ao CRECI — SP; a acessibilidade nos espaços públicos, tendo em vista que a inclusão não é concretizada em apenas um momento, mas sim, um percurso que permeia a vida humana, falo desde o fator arquitetônico até o programático e atitudinal; a extensão de programas, direcionados para pesquisas, inovação, formação em diversas áreas e também no atendimento tanto para saúde dos brasileiros com deficiência quanto para a assistência oncológica; a proteção da Lei de Cotas e o seu funcionamento, criação de mecanismos que monitorem, fiscalizem e garantam o seu cumprimento, inclusive com os já citados concursos públicos e a Escala Cidadã; maior representatividade e o lugar de fala em espaços públicos e representativos do legislativo, executivo e judiciário.