“Trabalho é a arte de transformar e ser transformado”, neste contexto, à medida que as instrutoras de teatro do projeto Biografias em Cena do Instituto Olga Kos proporcionam experiências culturais, por meio de oficinas de teatro trabalhando questões como autonomia e autopercepção dos beneficiários com o intuito de difundir a inclusão, também usufruem de vivências singulares, veja alguma delas:

Laís Yumi compartilha que: “percebi como nesse curto espaço de tempo, construímos um ambiente de escuta onde os participantes tem cada vez mais se preocupado em incluir a todos durante as atividades. Por exemplo, durante uma atividade que realizamos em que cada participante deveria construir uma personagem monstruosa a partir da grafia de seu nome, propomos a criação de uma narrativa onde todas essas criaturas interagiram em uma mesma história e foi possível perceber o empenho dos participantes de incluir o monstro até mesmo daqueles que tem mais dificuldade em se expressar oralmente”.

Já Caroline Araújo observa que: “em uma das nossas primeiras oficinas, propomos uma caminhada pelo espaço da Casa do Cristo com o objetivo dos participantes nos apresentarem os espaços e contassem um pouco da sua relação com o lugar. Foi uma experiência muito sensível. Pudemos perceber a autonomia com a qual eles caminham pelas ruas daquela que parece ser uma pequena cidade no meio de Itaquera. Muitos deles frequentam o espaço desde muito pequenos então conhecem muitas histórias que remetem a criação daquele espaço. Nos levaram para conhecer a biblioteca, a creche e o bosque. No bosque fomos apresentadas a história do lobo, uma figura que alguns acreditam ser o primeiro ocupante do terreno. Eles nos mostraram a casa do lobo, sua cadeira, seu carro e pote de comida. Todos esses elementos abandonados e gastos pelo tempo, pois segundo eles o lobo não poderia usá-los com tanta frequência, já que precisava se esconder das pessoas que agora estavam na Casa do Cristo. A partir daí fomos construindo um ambiente de partilha de ideias, visões sobre o mundo que tem cada vez mais se consolidado. Acredito que se sentirem vistos e ouvidos é algo muito importante para eles por isso percebemos que eles continuam com a vontade de participar dos encontros e ainda ficam cada vez mais sedentos pela prática teatral, onde podem se expressar sem se preocupar com a lógica, o sentido ou até mesmo julgamento dos colegas.

Essa foi uma oportunidade de conhecermos um pouco mais o universo desses participantes a partir da perspectiva deles mesmos e de suas vivências nesse espaço. Eles a todo momento conduziram a caminhada a narrativa partilhada e acho que esse é um dos nossos principais objetivos nesse projeto, que eles consigam criar histórias a partir da sua vivência e repertório pessoal”.