As mais de 50 obras fazem parte do projeto “Resgatando Cultura”, em que participantes com deficiência intelectual, como Síndrome de Down e Autismo, aprendem sobre a vida e o trabalho de um artista convidado. A exposição fica em cartaz de 12 a 30 de dezembro, com entrada grátis

 

Conhecido pelo colorido forte, traços marcantes e figuras que parecem saídas de um universo paralelo, o trabalho do artista contemporâneo Ermelindo Nardin já percorreu diversas galerias mundo afora. Agora, parte de sua produção mais recente estará na exposição Rastros da Paisagem, que estreia no Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp no próximo dia 12 de dezembro, com entrada gratuita.

Ao todo, a mostra reúne oito obras inéditas do artista plástico e outras 43 produzidas pelos participantes do Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK), que aprenderam as técnicas de Ermelindo durante as oficinas realizadas nos últimos meses nas dependências do instituto. “O resultado me surpreendeu pelo fato de trabalharmos com as monotipias [técnica em que é possível reproduzir um desenho ou mancha de cor em uma única prova]. Eles souberam desenvolver coisas maravilhosas em um curto espaço de tempo”, comenta o artista.

“Achei interessante o trabalho com impressão, o rabisco com nanquim. Foi bem produtivo este módulo e levaremos esses conhecimentos para aplicar em outras oficinas livres”, afirma o participante Jaferdes Fernandes Rodrigues, de 35 anos.

A curadora da exposição, Silvana Gualda, destaca que o planejamento para a releitura do trabalho de Ermelindo começou com a história das obras e técnicas utilizadas por ele. Durante dois meses foram feitos esboços e experimentações até chegar ao trabalho final, realizado em grupos de três ou quatro participantes, alguns com mais ou menos dificuldades/restrições. “Na curadoria para a exposição Rastros da Paisagem, além da composição com manchas e cores, e finalização dos traços, o mais interessante foi a motivação do grupo na direção de incluir, de compartilhar, para que o trabalho fosse concluído”, explica Silvana.

O IOK, que completa 10 anos em 2017, atende cerca de 3,5 mil crianças e jovens com deficiência intelectual e também pessoas sem deficiência que se encontram em situação de vulnerabilidade social.  “É um ano muito importante para nós. Completar 10 anos de um sonho, e ver que ele rendeu tantos frutos, é gratificante. Esta parceria com a Fiesp e o Sesi-SP é uma honra para o Instituto, para nossos participantes e seus familiares. Encerrar o ano com a exposição em um local de tamanho prestígio é motivo de comemoração para todos nós”, destaca Olga Kos.

A noite de abertura da Rastros da Paisagem também contará com o lançamento do livro Ermelindo Nardin: sombras, iluminações e sentimento, escrito pelo crítico de arte Jacob Klintowitz, que estará presente para sessão de autógrafos.