Concerto na Galeria Olido, em São Paulo, reúne 90 “músicos” com deficiência intelectual

 


 

Batucada é uma reunião em que se tocam instrumentos de percussão dentro de um padrão rítmico. O que seria, então, uma in Batukada? É uma batucada com inclusão. Inclusão de pessoas com deficiência intelectual ou física e sem deficiência, mas em situação de vulnerabilidade social.  

in Batukada vai acontecer no próximo dia 29, sábado, às 11h, na Galeria Olido, no centro de São Paulo. Vai reunir 90 beneficiários do Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK) vindos de quatro instituições parceiras: Centro de Convivência e Cooperativa (Cecco) Santo Amaro, Cecco Interlagos, Instituição Beneficente Nosso Lar e Associação Comunitária Monte Azul.

Detalhe: vai ser a primeira vez que a turma toda vai se reunir e tocar em conjunto. Ou seja, nada de ensaio geral antes da apresentação. Os participantes só ensaiaram com os seus colegas de oficina, não conhecem os demais. “Vai ser um encontro maravilhoso”, diz Valéria Siqueira, mãe de Pedro Henrique, jovem de 23 anos com síndrome de Down que preparou um duo de bateria para o dia do concerto. 

A apresentação coroa o encerramento do projeto Cor e Ritmo, que durante um ano utilizou a música e as artes plásticas como ferramentas de aprendizado, estímulo e inclusão. Por meio de oficinas semanais, ministradas gratuitamente pela equipe do Instituto Olga Kos, os beneficiários, de 10 a 72 anos, puderam aprender sobre ritmo, melodia, harmonia, graves, agudos e  cores quentes e frias, entre outras coisas. 

O projeto também previa a construção de instrumentos pelos participantes. Foi por conta desse desafio que surgiu o “quadrorim”, uma mistura de quadro com tamborim. A criação, elaborada a partir da imaginação dos aprendizes, foi feita com uma moldura de madeira pintada e fita adesiva transparente. Com diversos tamanhos, é tocada com uma baqueta e produz um som que se assemelha ao tamborim.  

O resultado das oficinas foi surpreendente”, afirma a arte educadora Deborah Hathner, coordenadora do projeto. “Tocar exige memória, ritmo, coordenação. A grande maioria entendeu o que está tocando. Eles têm consciência do que estão produzindo.” Para Katia, psicóloga que acompanhou o projeto, o mais importante no dia do concerto é “que eles se divirtam”. 

Cada uma das instituições demonstrou afinidade com determinado ritmo: Santo Amaro, blues; Interlagos, baião; Nosso Lar, rock; e Monte Azul, rap. Essas afinidades serão vistas no palco ao longo dos 15 números previstos para a apresentação. “ST Amar o Blues”, “Baião de nós”, “Rock Brazuca” e “Happy” são algumas das composições a serem executadas. Haverá também uma grande batucada inicial e outra final, ambas com todos os participantes.

Além das execuções coletivas, cinco solistas terão destaque. Vinicius Silva, por exemplo, certamente vai emocionar a plateia acompanhado de sua gaita e Marcia de Castro vai levantar o público com sua voz afinadíssima. “A música e as artes têm esse poder de fazer com que as pessoas enxerguem outro mundo”, diz Valéria Siqueira, mãe do baterista Pedro Henrique. 

É isso aí. Quando os afoxés, chocalhos, pandeiros e triângulos estiverem vibrando num só ritmo vai ser difícil ficar parado e deixar o lencinho guardado no bolso.

Serviço 

Concerto in Batukada

29 de junho, sábado, às 11h.

Galeria Olido, sala Olido: Av. São João, 473, Centro, São Paulo (SP). 

Gratuito (Evento aberto ao público em geral)