Inspirado na obra de Hélio Oiticica, Dança que se dança reúne no palco quase 90 participantes das oficinas de artes promovidas pelo Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural

“Seja marginal, seja herói”. A bandeira-poema do artista plástico Hélio Oiticica, criada em 1968, sintetizou a marginália ou a cultura marginal — trabalhos não convencionais que fizeram parte do debate cultural brasileiro até meados da década de 70.

Agora, mais de cinco décadas depois, o espetáculo Dança que se dança, com dramaturgia do coreógrafo Gustavo Paulino e realizado pelo Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK), resgata as ideias propostas por Oiticica colocando no palco do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, quase 90 beneficiários do Instituto com deficiência intelectual e/ou em situação de vulnerabilidade social. 

“Estamos levando para um dos palcos mais importantes da cidade um grupo que, habitualmente, é marginalizado pela sociedade, quer seja por sua condição intelectual, quer seja pela vulnerabilidade social”, afirma Guga Paulino. “Com isso, vamos trabalhar a inclusão e a acessibilidade para um grupo enorme de pessoas e de uma maneira legítima, que é o espetáculo.”  

A apresentação faz parte do encerramento do projeto Corpos em Luz, do IOK, que durante um ano trabalhou o processo de criação do espetáculo por meio de oficinas. Corpos em Luz foi realizado por uma equipe multidisciplinar — pedagogos, psicólogos e instrutores de dança, entre outros — em seis instituições parceiras espalhadas pela cidade: Oficina Cultural Oswald de Andrade, Centro Cultural Olido, CEU Campo Limpo, CECCO Manoel da Nóbrega, CECCO Ibirapuera e CIEJA Campo Limpo.

O projeto contou com o apoio cultural do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca, Centro Cultural Olido e Oficina Cultural Oswald de Andrade, que cederam seus espaços para ensaios abertos. O Itaú apoia a apresentação no Auditório do Ibirapuera.   

O nome, Dança que se dança, é inspirado justamente numa frase de Hélio Oiticica: “Dança é a dança que se dança”. Isso porque, segundo o artista, “você é quem inventa a sua própria dança”. Ou seja, a dança está dentro de cada um e ela deve ser um espaço de “livre expressão” e “necessidade vital de desintelectualização”. Para Paulino, o trabalho desenvolvido nas oficinas criou “uma dança que evidencia autonomia, liberdade e respeito à diferença”.  

Dança que se dança tem uma hora de duração, trilha sonora inspirada em clássicos do Tropicalismo, como “Divino, Maravilhoso”, composta por Caetano e Gil, e figurinos elaborados pelos próprios participantes a partir dos “Parangolés”, as extravagantes vestimentas criadas por Oiticica. O lema é um só: “Seja marginal, seja herói”.

 

Serviço

Dança que se dança

Data: 3 de novembro, domingo.

Horário: 19h.

Local: Auditório Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral s/n.

Tel.: 11 3629-1075.

Entrada gratuita.